quarta-feira, 9 de maio de 2012

UMA HOMENAGEM A TODAS AS GUERREIRAS

EM HOMENAGEM AO DIA DAS MÃES QUE SE APROXIMA PUBLICO UM TEXTO QUE ESCREVI HÁ ALGUM TEMPO ATRÁS TRATANDO E ANALISANDO DA FORÇA DO AMOR DE PAIS E PRINCIPALMENTE MÃES A SEUS FILHOS.

  O amor de pais pelos seus filhos tem uma força que não se pode medir. A simples observação de uma mãe amamentando seu bebê é inspiradora. O bebê, indefeso, irresponsável e frágil não tem nada a oferecer a seus pais. Bem material não possui, não carrega sua própria bolsa, nem sequer sabe dizer obrigado, todavia, ali estão os pais, cuidando, velando, felizes e satisfeitos pela alegria de ter em seus braços sua criança.
 É comum vermos mães franzinas levando pesado o filho ao colo quando este está debilitado, não consegui até hoje entender de onde essas guerreiras tiram tanta força quando o assunto é cuidar e proteger seus filhos.
 Enquanto escrevia este texto lembrei-me de um acontecimento do ano de 2007, quando um garoto de apenas 7 anos caiu num reservatório de água. O garoto brincava com seus irmãos, enquanto sua mãe enchia alguns vasilhames de água em uma bica ali perto para uso doméstico. Por um descuido o garoto caiu no reservatório. Sem saber nadar, debatendo-se agoniado o garoto sentia o hálito da morte, tentava gritar, mas afogava-se, seus irmãos apavorados chamaram sua mãe que ao ver a cena deixou o instinto materno superar seus limites, pulou no poço com quatro metros de profundidade para o resgate de seu filhos. Mesmo sem saber nadar, com a sujeira do poço e barras de ferro que estavam visivelmente expostas não pensou e se atirou na água agarrando seu filho pela cintura, não largando mais. Testemunhas disseram que a mulher afundava, mas fazia todo o esforço possível para manter seu filho sobre a água onde pudesse respirar, almas bondosas que por ali passavam ajudaram a ambos a saírem da água com vida. Que força! Que superação!
 Outro episódio acontece em 2011 quando uma mãe pula dentro da água para salvar seus dois filhos que clamam por socorro, atira-se na água, seus dois filhos sobrevivem, mas ela infelizmente morre. Que doação!
 O que fica para nós e a tentativa de entender de onde procede tanta força ao defender um filho, de onde vem tanta dignidade ao carregar um pesado filho ao colo, de onde surge atitude ao acordar pela madrugada para ver se seu filho está com febre ou descobriu-se no meio da noite. Pais vivem pelos seus filhos, eles lhes dão força para manterem-se em vida. Já ouvi uma mãe que relatou certa consciência ao estar em estado de coma, dizia ela lutar para sobreviver, pois não podia deixar seus filhos órfãos, queria estar perto deles, cuidá-los, vê-los crescer e casarem-se constituindo famílias. 

 Não há dúvidas de que o amor de mães e pais são forças propulsoras de afetos que protegem aqueles que na verdade são parte de seus corpos.
 Hoje, casado e pai de dois filhos entendo um pouco mais dessa força, mas confesso que desfrutei dela, enquanto filho, sem procurar entendê-la, sem reconhecer nem dar importância. A rebeldia da adolescência não é suficientemente forte para fazer pais e mães desistirem de seus filhos, meus pais nunca desistiram de mim. Essa é uma relação que não pode ser quebrada, perdura até mesmo após a morte, as memórias deixarão a saudade, mas alimentarão as lembranças que permitirão rememorarem momentos que servirão como lição e contentamento. Conto-lhes uma história que adaptei e troquei os nomes, mas que certamente a força deste amor está expressa de forma marcante .................................................................................................................................................. 

 “Tinha Jaqueline apenas cinco anos quando subiu no colo de seu pai e o chamou para dançar. Colocou suas pequenas mãozinhas em cada lado do grande rosto de seu pai e disse: “Ah, papai, é noite de Natal, sempre dançamos na noite de Natal. Só nós dois, lembra?”
 José não negaria aquele meigo pedido, afinal desde que Jaqueline era bebezinho eles dançavam juntos nesta noite. Sua esposa, partiu cedo, Jaqueline nasceu, mas ela não suportou. A menina era sua lembrança mais forte. Então dançaram, quase a noite toda...
 A rebeldia chegou ao mundo de José de forma bizarra. Quando terminou o ensino médio, Jaqueline, sua filha, pensou ser adulta o suficiente para conduzir sua própria vida. E está vida não incluía a de seu pai.
 José ficou sem saber o que fazer quando percebeu as más influências aparecendo, seu mundo desabou, não soube lidar com piercing no nariz, com as palavras obscenas, com os xingamentos. Não conseguiu conduzir as noites fora de casa, as notas baixas na escola. Não sabia reagir, não sabia quando falar, tampouco quando se calar.
 Jaqueline pouco conversava com seu pai, não havia diálogos e quando este acontecia inevitavelmente aparecia a discussão, era totalmente diferente com seus amigos.
 - Você vai ficar conosco está noite mocinha. Vamos ficar em família, jantar na casa de sua avó e comer a torta dela. É noite de Natal.
 Embora sentados à mesma mesa, eles pareciam estar em lados opostos da cidade. Jaqueline brincava com a comida sem dizer uma palavra sequer. Vovó tentava conversar com José, mas ele não estava com vontade de falar. Parte dele estava furiosa; outra parte de coração partido, e o resto dele teria dado de tudo para saber como falar com a garotinha que costumava sentar em seu colo e dançavam todas as noites de Natal.
 Logo chegaram os parentes, trazendo consigo um bom final para aquele terrível silêncio. À medida que a casa se enchia José e Jaqueline se afastavam mais, ela estava carrancuda.
 -Coloque uma música José – lembrou um de seus irmãos. E assim ele fez. Pensando que Jaqueline se sentiria honrada ele foi ao encontro de sua menina.
 -Você dançaria com seu pai na noite de Natal?- afinal sempre dançavam nas noites de Natal.
 Da forma como ela se zangou e virou qualquer um pensaria que ele a havia insultado.
 Em frente de todos os familiares, ela abriu a porta da casa e saiu a pé. Deixando seu pai sozinho. Muito solitário. Nunca mais voltou.
 Uma amiga disse ter visto Jaqueline na rodoviária e nunca mais a viu. Jaqueline havia fugido com seu namorado, um garoto desajeitado e sem planos grandiosos para o futuro. Durante a noite ficavam na casa de um primo que trabalhava a noite, mas durante o dia tinham que sair.
 Após algumas semanas, o primo mudou de ideia, Jaqueline a partir dali não havia perdido somente o lugar onde dormia, mas também o namorado. Sem lugar para dormir, sem mão para segurar.
 Jaqueline foi parar num bar e recebia gorjeta para dançar sobre mesas, se tinha uma coisa que ela sabia fazer era dançar, seu pai a havia ensinado muito bem. Agora homens da idade dele a assistiam. Dançava, pegava suas gorjetas e ia embora. Sem muitas lembranças de seu pai, a não ser pelas cartas que o primo as trouxe.
 -Seu antigo namorado deve ter fofocado sobre você. Elas chegam de duas a três vezes por semana – reclamou o primo – Dê a ele seu endereço. Ela não pensava em dar o endereço, tampouco em abrir as cartas. Semanas após semanas as cartas chegavam e eram trazidas pelo primo. Jaqueline as armazenava no armário da boate que ficou abarrotado de cartas.
 Certo dia, alguns dias antes do Natal, outra carta chegou. Mesmo tamanho, mesma cor. Mas está não tinha selo do correio e não havia sido entregue por seu primo. Havia sido colocada em sua penteadeira.

-Há alguns dias um homem grande passou por aqui e pediu que lhe entregasse – explicou uma das dançarinas –Disse que você entenderia a mensagem. Trêmula e ansiosa abriu o envelope e tirou o cartão a frase era “sei onde você está, sei o que você faz, isso não muda o que sinto. O que eu disse nas outras cartas ainda é verdadeiro”. Jaqueline não sabia o que havia escrito nas outras cartas, não as abriu. Pegou uma do topo da pilha e leu, a segunda, a terceira, a quarta e cada uma delas dizia a mesma coisa, cada uma delas com a mesma frase, com a mesma pergunta. Em menos de minuto o chão estava coberto de papéis e o rosto em lágrimas.
 Após uma hora ela estava no ônibus e pensava consigo: “Tenho que chegar a tempo”.
 Os parentes já estavam começando a irem embora. José ajudava vovó na cozinha, quando seu irmão o chamou repentinamente dizendo que alguém queria vê-lo.
 O silêncio tomou conta do ambiente.
 José saiu da cozinha e parou. Em umas das mãos da moça a mochila, na outra um cartão.
 -A resposta é sim- disse a menina com os olhos mareados –Se o convite ainda estiver de pé, a resposta é sim.
 José mal podia acreditar – “Oh, meu convite está de pé!”.
 A mochila foi parar num lado do sofá, o cartão caiu ao chão. Então os dois dançaram novamente na noite de Natal. Dançaram quase a noite toda.
 No chão, próximo à porta, havia uma carta com o nome de Jaqueline e a pergunta do pai.” “Você viria para casa e dançaria novamente com seu papai na noite de Natal?”

  Esta história tem como um dos personagens um pai, mas poderia muito bem, sem prejuízo ser uma mãe. Esse texto é uma pequena síntese da força e valor do amor de pais por seus filhos. Eles nunca desistem de seus filhos, chateiam-se, aborrecem-se, desanimam-se, mas nunca desistem. Pais e mães são o amor de Deus expresso de forma plena na terra.

                           FELIZ DIA DAS MÃES A TODAS AS GUERREIRAS

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